Grau I – O Vácuo Mental

O campo mental humano é entorpecido por centenas, senão milhares de pensamentos ligados e influenciados pelas tarefas profissionais e acadêmicas do dia a dia, pelos desejos, preocupações, planejamentos e emoções. Colocando desta forma soa algo extremamente caótico, não é mesmo? Basicamente, no terceiro exercício do Grau I do livro Magia Prática: O Caminho do Adepto, você deve lutar contra todas estas baixas influências e causar a vacuidade mental ou estado popularmente conhecido como “ficar com a mente vazia” ou "ficar com a mente calma". Não tratarei das dicas neste artigo, pois já comentei passo a passo o Grau I, conforme minha própria experiência, aqui.



Os Efeitos

Com mente neste estado as inspirações chegam e se desenvolvem facilmente. A inspiração se origina de uma energia bem sutil, um campo mental lotado de cargas densas e negativas não tem espaço para se inspirar, já o que está vazio sob Vontade, atrai para o praticamente o que ele precisa compreender naquele momento. Ideias para projetos, aspectos novos para uma estória, se você é um escritor. Soluções para problemas complexos, são algumas das facilitações trazidas pela vacuidade mental.
Os ataques espirituais feitos através da autossugestão (quando os pensamentos não são seus) também são facilmente identificados por intermédio deste estado mental. O contrário também é válido: os conselhos de amigos espirituais. A diferença é percebida pela vibração e não ligação com os aspectos negativos da alma. Um amigo espiritual nunca irá te aconselhar a passar por cima dos outros ou agir de modo que o orgulho seja trabalhado, ao contrário da humildade.
As dissoluções de emoções negativas acontecem apenas pelo treino de tal exercício, manter a mente vazia também esvazia o corpo das sensações que nascem das emoções, causando o relaxamento físico e o alívio do peito - na maioria dos casos, a dor emocional se mantém ativa pela alta concentração do pensamento (que direciona energia ao peito) na sensação de dor no peito e/ou nas lembranças (raízes) do sofrimento. Esvaziar a mente é se desprender de tudo isso, é um ato de desapego.

L.A.

Mais sobre os efeitos e utilidades deste exercício pode ser lido na entrevista de Willian Mistele, aqui. 


Grau II - A Transformação do Caráter e as Obsessões Espirituais

Muitos praticantes se confundem com esta etapa, no Grau I temos que encontrar os aspetos negativos através da reflexão e autoanálise, apenas isto, é no Grau II que iniciamos a transmutação do caráter pelo trabalho com os elementos, a autossugestão e absorção consciente de nutrientes. 


Este texto tem como foco as consequências, todo o treinamento pode ser encontrado no livro Magia Prática: O Caminho do Adepto

Afinal, quais as causas práticas a instrução mágica da alma traz?



Observamos no relato do obsessor que é estimulado na vítima as características negativas que a vítima possui. Se através do enobrecimento da alma, a vítima tivesse transmutado o orgulho em humildade, ou estivesse consciente deste aspecto negativo pela auto-observação e autoanálise, o obsessor encontraria grandes dificuldades. Franz Bardon no Grau 1 começa a erguer nossas defesas espirituais, este é um dos motivos que Bardon não ensina rituais de proteção e purificação, como o Ritual Menor do Pentagrama. Neste sistema a proteção é criada pela transmutação completa da vibração, outras considerações sobre este ponto são tratados no Grau III.

Todos os aspectos negativos, assim como as emoções negativas tornam a aura densa e manchada, como pode ser lido aqui. Na leitura de aura é visível o orgulho, a preguiça, a gula, etc. Todas estas manifestações no campo energético humano tornam a vibração do praticante baixa/densa. Incompatível com os reinos que ele buscará sabedoria. E dificultam a manipulação energética e o trabalho com os espíritos, pois causam descontrole mental e emocional. 
Outra parcela dos ataques espirituais, diretos (quando o obsessor está próximo da vítima) ou indiretos (quando lançado a distância), são por manipulação energética. Energia densa esta que adentrará o campo da vítima quando esta baixar sua vibração. 
Na transformação do carácter você não está apenas se transformando numa pessoa melhor, você está sendo preparado para o trabalho espiritual de forma responsável e consciente. A sua vibração energética subirá e a intenção é mantê-la neste nível, o que cria outra magnífica defesa espiritual, pois como observamos nesta citação do livro Energia & Matéria: Novos Horizontes para a Medicina de José Lacerda de Azevedo, pesquisador e pioneiro da Apometria: Informa (o obsessor) que já colocou cerca de novecentos aparelhos negativos de vários tipos no sistema nervoso de criaturas encarnadas, alguns deles bem mais aperfeiçoados do que aquele. Revela que, em algumas pessoas, a implantação não funciona, parece que elas têm uma espécie de imunidade contra os engenhos das trevas, pois eles caem por si mesmos, após algum tempo.” (O ex-príncipe não sabe que os aparelhos caem porque a vítima possui padrão vibratório superior. 

Aonde Bardon quer nos levar nos transformando em seres predominantemente positivos? 

Quando eu descobrir contarei aqui. Até lá…
Boas práticas!

L.A. 


Meditação para Iniciantes

Este artigo se destina às pessoas que nunca meditaram ou que possuem muitas dificuldades quando tentam meditar. Se você é experiente em meditação clique aqui.


Mitos

1. Meditação é uma maneira de fugir dos problemas.

Pelo contrário, com os olhos fechados, na penumbra ou na escuridão, com a atenção totalmente voltada para o interior: os problemas, emocionais ou do dia a dia formam ondas gigantescas na superfície da mente. A meditação também é uma ferramenta de reflexão e autoconhecimento, os pensamentos não irão magicamente desaparecer quando você meditar. Os problemas virão ao teu encontro, mas não para serem temidos ou para te atrapalhar, e sim para serem resolvidos através da compreensão, não reprimidos como fazemos no dia a dia: jogamos tudo no porão, sempre. Meditação recicla nosso lixo interior em algo sutil, é deste processo que se origina a sabedoria.

2. Meditação é coisa de gente mais velha

A meditação desenvolve o córtex pré-frontal. Praticar a consciência de seu estado interno, também pela meditação, dando a si mesmo a atenção e a harmonia que deveria ter realmente recebido quando criança. Esse estado de consciência aciona as regiões medianas do cérebro e aumenta a coordenação entre o córtex pré-frontal e o sistema límbico; estes são substratos neurais essenciais do vínculo seguro (Siegel 2007). Região responsável pela inteligência emocional e o pensamento estratégico, seu desenvolvimento causa grandes impactos positivos na vida emocional, profissional e acadêmica. 

3. Devo ser budista para meditar.

A prática da meditação era realizada pelos egípcios há mais de 5000 mil anos antes de Cristo (Paul Brunton, O Egito Secreto, Pensamento, 1991). Segundo Johnson, em seu livro (Do Xamanismo à Ciência. Uma história da meditação, Cultrix, 1990), na antiga China, por volta de 300 a.C., a literatura taoísta, com mestres como Lao-Tzu e Chuang-Tzu, já expunha exercícios meditativos, de forma sistematizada. A literatura mística do norte da Índia, entre 1500 e 1000 a.C., também já apresentava técnicas de meditação. Os monges cristãos também praticavam a meditação, a meditação cristã é uma antiga forma de oração cristã, oração contemplativa que procura Deus no silêncio e na quietude, para além das palavras ou pensamentos. Enraizada no Evangelho e nas cartas de S. Paulo, foi ensinada por S. João Cassiano e pelos Padres do Deserto no século IV e redescoberta na 2ª metade do século XX por um monge Beneditino, John Main (1926/1982), que fundou a Comunidade Mundial de Meditação Cristã (Comunidade Mundial de Meditação Cristã). 

4. Você só pode meditar em determinados momentos, voltado para determinadas direções.

Qualquer momento é propício. No ônibus indo para o trabalho, no trem voltando da faculdade, após terminar uma prova e ter que esperar o horário de saída. Na fila de um banco. Tudo que você precisa é respirar ritmicamente. Escreverei mais sobre isso ao longo deste artigo.

5. Você tem que meditar por horas para ir bem fundo.

Como qualquer prática, quando mais praticar diariamente por 10 ou 20 minutos, mais habilidoso você se tornará em entrar no estado de relaxamento profundo, mas esteja atento ao item um desta lista de mitos: para o relaxamento acontecer, é preciso resolver os problemas através da meditação (reflexão) ou da ação consciente. 

6. Assim que eu meditar os pensamentos vão desaparecer.

O chamado vácuo mental ou esvaziamento natural da mente não ocorre de uma vez e pode não ocorrer nas primeiras meditações ou meses de meditação. Em média, após 10 minutos de meditação completa sem nenhum movimento, ocorre os primeiros sintomas de relaxamento mental: Desfoco de imagem, se de olhos abertos. Expansão da mente, se de olhos fechados, assim como perca da sensação física. 

7. Preciso ficar sentado na posição de lótus para meditar?

Não, pode-se meditar em qualquer posição desde que confortável.

8. Preciso estar num local silencioso para meditar.

Um local silencioso é favorável a meditação, mas não é necessariamente um requisito. Como qualquer barulho/objeto/sensação pode ser usado para contemplação, então enquanto se está meditando e na rua estão ouvindo música alta, você pode contemplar a sonoridade da música, as batidas da música. Sem julgamento. Apenas contemplação.

Prática

!O tempo mínimo para cada meditação com as técnicas a baixo é de cinco (5) minutos!



Técnica 1 – Reflexão

Como eu disse no item um da lista de mitos, a meditação pode e deve ser usada para a reflexão, por isso, escolhi como primeira técnica justamente o autoconhecimento. 
Sente-se confortavelmente. Respire fundo lentamente e solte lentamente, várias vezes. Escolha um problema emocional ou social para ser o objeto de reflexão. Reflita sem julgamentos sobre as consequências que este problema tem sobre você, sobre seu temperamento, sobre suas escolhas. Como você é influenciado(a) por este problema? Como ele impede que você se sinta seguro(a)? Qual a raiz deste problema? Como ele surgiu? Qual o seu oposto? Quais ligações este problema tem com sua personalidade? Enxergue o problema de ângulo maior, fora de si. Por ocasionar o relaxamento e por consequência expandir a mente, as soluções, durante a meditação, chegam com muita intensidade e clareza: os famosos insights. Deste processo também se origina a sabedoria.

Técnica 2 – Observar os Pensamentos

Sente-se confortavelmente ou deite-se, comece a observar seus pensamentos, sem se encantar por eles, sem participar do jogo de imagens e palavras. Observe como observamos uma criança mimada: pois é isto que a mente é no início. Observe o fluxo de pensamentos, como eles são vagos e desgovernados. Não tente controlar os pensamentos. Não entre no jogo deles, simplesmente observe sem se preocupar. O relaxamento e o vácuo mental virão aos poucos.

Técnica 3 – Observe as sensações do corpo

Sente-se confortavelmente ou deite-se, leve a atenção para as sensações físicas que estiver sentido. Tensões. Estalos. Pequenas dores. Calor ou frio. Contemple-as conscientemente, sem julgá-las. Sem se envolver por elas. Apenas as observe com gentileza. Esta técnica libera muitas tensões físicas e provoca o relaxamento mental facilmente. 

Técnica 4 – Meditação com vela 

Coloque uma vela acesa a mais ou menos um metro a sua frente, o ambiente precisa estar totalmente escuro, iluminado apenas pela chama da vela. Sente-se confortavelmente e passe a contemplar a chama da vela, sem piscar, com os olhos levemente cerrados, observe a chama sem movimento algum. Sua luz. Sua forma. Continue nesta prática até restarem você e a vela no universo. No começo será difícil não piscar, você não deve ficar com os olhos totalmente abertos ou arregalados, mas semiabertos, de modo que contemple a vela e não faça, ao mesmo tempo, força alguma para manter os olhos abertos.

Dificuldades

1. Se perder em conversas mentais ou reviver cenas do dia a dia, respondendo perguntas do passado de forma inteligente. Resolução: Esta dificuldade é o contrário da técnica dois. Você se deixou se envolver pela lembrança, passou de um observador a um agente ativo do pensamento, logo sentirá um desgaste mental e ao término da meditação não sentirá nada de diferente porque não meditou em nenhum momento. Pare e respire fundo lentamente, sem forçar o pulmão. O suficiente para o ar ir fundo, mas nunca force o peito para frente com força. Compreenda o momento presente, traga a atenção para o agora e volte a apenas e simplesmente observar os pensamentos. Nada importa neste momento. Somente você e o grande agora. O exercício de observação desenvolve o discernimento e autoconsciência por "forçar" o eu maior a observar o eu menor.

2. Vontade e agonia por estar parado, querer loucamente se mexer. Resolução: Levante! Mexa-se um pouco, sem movimentos bruscos e alongue o corpo um pouco. Fique um pouco nesta posição por alguns segundos ou minutos:

O leitor atento descobrirá o porquê da Yoga ser uma prática pré-meditativa.


Sem forçar os braços até o chão. Neste momento, não importa até onde você pode ir. Apenas permaneça com os braços suspensos, de olhos fechados, sentindo a coluna relaxar. Após isto, se souber faça outros alongamentos, volta a sua posição meditativa, respire profundamente devagar várias vezes e tente novamente. Em primeiro lugar a agonia acontece por o corpo estar tenso. Em segundo lugar, se ainda estiver sobre agonia, escolha outro horário para a prática meditativa. Cada pessoa possui um relógio biológico distinto que influencia diretamente na prática meditativa, eu por exemplo, medito eficientemente pela manhã ou a tarde, a noite tenho dificuldade inicial. Algumas técnicas avançadas de meditação trabalham diretamente esta agonia lutando contra ela e permanecendo em meditação, mas o objetivo deste artigo são os iniciantes, então manterei este foco. 

3. Medo de ficar com os olhos fechados. Resolução: Medite a luz do dia ou com um lençol cobrindo o corpo em posição meditativa, o medo desaparecerá aos poucos quando você compreender que não há nada exterior para ser visto. Este medo também pode ser causado pelo temor de fechar os olhos e enfrentar os próprios problemas. Esta dificuldade é a principal causa que afasta as pessoas da prática meditativa. A técnica quatro também pode ajudar quem possui este problema. Outra técnica meditativa para quem enfrenta este medo é a meditação caminhando, como na técnica três, você deve observar a sensação de pisar no chão. As solas dos pés, todos os músculos dos pés trabalhando, os dedos que estão tensos, respirando fundo e lentamente quando necessário. Os medos vêm e vão, o aprendizado é eterno.

4. Não conseguir manter o foco/concentração. Resolução: Isto não é um problema proveniente da meditação, mas um aspecto não desenvolvido do meditador. A função da meditação é desenvolver o foco e a concentração, então se você não possui um ou ambos, continue meditando! Não há problema algum em falhar, em não conseguir inicialmente. Com o tempo, como já explicado, a região responsável pela concentração se desenvolverá.

Peço desculpas pelo tamanho do artigo, mas não quis dividi-lo em duas partes. Qualquer dúvida fique a vontade para perguntar.

Até a próxima!

L.A.



O Poder da Imaginação – Parte I

Irei tratar nesta série de duas partes a importância e o poder da imaginação no trabalho e para o treinamento magístico, esta primeira parte é uma introdução. A imaginação sempre foi uma habilidade menosprezada pela mídia, ridicularizada nas crianças e diminuída na vida social: “Essa tem imaginação fértil”, “Está sonhando acordada?”, entre outros jargões que travam o desenvolvimento da imaginação por pura ignorância.



A ideia de que existe uma espécie de imaginação universal se reflete na obra de Carl Jung, cujas observações como psiquiatra o levaram a postular o conceito de Inconsciente Coletivo - uma região da mente comum a toda a raça humana. O interesse crescente dos acadêmicos pelo xamanismo, alguns anos depois da morte de Jung, levou à descoberta de que as visões xamânicas permitiam um acesso consciente a esse nível de realidade, e que tal acesso muitas vezes parecia produzir resultados no nível físico (ASHCROFT-NOWICKI, Dolores e J.H. Brennan. A Magia das Formas-pensamento. São Paulo, Pensamento. 2009).

A extraordinária ação da Imaginação e a forma como ela alcança o seu auge podem ser vistas por meio de um exemplo tirado da experiência em tempos de epidemia, quando ela envenena mais do que qualquer ar infectado, e contra a qual nenhum antídoto, seja de mitridato ou de melaço, surte qualquer efeito; a menos que ela definhe e feneça, nada ajudará. A Imaginação é uma corredora e mensageira tão ágil e veloz que não apenas passa de casa em casa e de rua em rua, mas ainda se alastra de uma cidade ou país a outro; assim, pela Imaginação de um único indivíduo, a epidemia pode assolar uma cidade ou um país inteiro e matar milhares de pessoas (Paracelso, Archidoxis Magicae (em inglês The Archidoxes oj Magic, Londres: Askin, e Nova York: Weiser, 1975).

A imaginação de um iniciado é diferente da de uma pessoa comum. Para um mago, a imaginação é o modo pelo qual a Vontade se expressa no reino mental. Sem a imaginação, a vontade não tem meios de se executar magicamente sobre as esferas de influência. O mago sabe que a esfera mental é onde toda a magia se inicia, com o uso da imaginação “plástica” (tão clara que parece real). Se a imaginação é forte e clara o suficiente no reino mental, então as forças astrais correspondentes se moverão em harmonia com seus arquétipos mentais como dirigidos pelo mago. Então, aí vemos a importância em todo o treinamento mental até agora, porque se o estudante for incapaz de trabalhar com as imagens cristalinas e desejos no reino mental, ele gastará muita energia tentando causar uma ocorrência astral. Os processos astrais não seriam capazes de seguir um arquétipo espalhado e fraco para cumprir tal Vontade destreinada. Tal mago seria capaz de executar alguma magia mental, sendo pouco capaz de trazer qualquer efeito astral e completamente incapaz de causar qualquer mudança física. Muitas pessoas associam a palavra “imaginação” com “irreal” ou “falsidade”. Para o mago, a imaginação é uma coisa muito real e a mais importante de todas as ferramentas mágicas disponíveis a ele. Não é um “sonhar acordado” vago, mas uma operação exata da Vontade sobre a esfera mental para ativar as forças desejadas (Comentários Sobre IAH, Chris Murphy).

Segue-se que a imaginação, a abstração e a comparação dominam as manifestações do espírito, delas decorrendo todos os inventos e descobertas, inspirações e criações do gênio (BOZZANO, Ernesto. Pensamento e Vontade. Roma, 1926).

E assim como uma espécie de demiurgo, que cria os objetos e imprimem diretamente na matéria amorfa as ideias que lhe perpassam pelo cérebro, ou os sonhos da sua imaginação. ( Anais, 1914, página 149).



A tela que você está lendo este artigo, a rede elétrica por onde passa a energia que alimenta os eletrodomésticos, o ônibus e o carro usados diariamente por bilhões de pessoas. Todas as criações humanas existiram antes de serem manifestadas em aspectos físicos, na imaginação. Os prédios que se contrastam com o horizonte, os aviões borbulhando no céu azul. As estórias literárias que nos fazem chorar ou sorrir foram criadas na imaginação do autor, o mundo é a tela onde as cores da imaginação atuam. A imaginação é tão forte que pode levar as pessoas a ficarem presas em suas cabeças em ciclos sem fins de criações e sensações. A imaginação cria o medo: quando um galho de uma árvore se transforma no braço de um monstro que por algum motivo quer nos devorar as dez e meia da noite, ou cria a tristeza quando nos imaginamos sozinhos num futuro incerto. Também cria o amor quando começamos a nos imaginar ininterruptamente com aquela pessoa especial. Em todos estes pontos, e em muitos outros quais o leitor descobrirá através da reflexão, a imaginação nos controla, mas e se tivéssemos as chaves para passar a desenvonvê-la? Se deixássemos de sermos meros escravos de imagens que vem e vão por portas que desconhecemos? Nos próximos artigos conheceremos algumas dessas chaves.

L.A.

Astrologia, Psicologia e a Instrução Mágica da Alma (I)


No exercício de introspecção ou autoconhecimento na segunda parte do Grau I, Franz Bardon introduz a identificação dos aspectos positivos e negativos da personalidade, conhecidos no vocabulário popular como qualidades e defeitos. E no início da mesma obra cita: "A prova dos efeitos dos elementos em relação aos Tattwas, para o uso pessoal, consta de modo suficientemente explícito nas obras astrológicas". Exemplificando brevemente, cada signo do zodíaco é regido por um elemento, assim como cada uma das doze casas da roda natural ou plana.


Primeira Casa: eu (a pessoa de quem é o mapa)
Segunda Casa: meu (o que me pertence)
Terceira Casa: aqui (meu ambiente imediato)
Quarta Casa: privado (minha vida privada)
Quinta Casa: amor dado (o amor que eu dou)
Sexta Casa: saúde física (estado do meu corpo)
Sétima Casa: você (o outro)
Oitava Casa: deles (posses dos outros)
Nona Casa: lá (lugares mais distantes)
Décima Casa: público (minha vida pública)
Décima primeira Casa: amor recebido (o amor que eu recebo)
Décima segunda Casa: saúde mental (estado de minha mente)

Os signos também são divididos em polaridades.



Em Magia Prática: O Caminho do Adepto, Franz Bardon cita os quatro temperamentos psicológicos:

Segundo seus elementos predominantes, podemos distinguir os temperamentos colérico, sanguíneo, melancólico a fleumático natural. O temperamento colérico nasce do elemento fogo, o sanguíneo do elemento ar, o melancólico do elemento água e o fleumático do elemento terra. 

O temperamento colérico possui, em sua polaridade ativa, as seguintes características boas: atividade, entusiasmo, estímulo, determinação, audácia, coragem, força criativa, zelo, etc. Na forma negativa são: voracidade, ciúme, paixões, irritação, agressividade, intemperança, impulso destruidor, etc.

O temperamento sanguíneo indica em sua forma ativa as seguintes características: compenetração, esforço, alegria, habilidade, bondade, clareza, despreocupação, bom humor, leveza, otimismo, curiosidade, independência, vigilância, confiabilidade, etc. Na forma negativa: susceptibilidade, auto depreciação, bisbilhotice, falta de perseverança, esperteza, tagarelice, desonestidade, volubilidade, etc.

O temperamento melancólico na sua forma ativa possui: atenção, generosidade, modéstia, afetividade, seriedade, docilidade, fervorosidade, cordialidade, compreensão, meditação, compaixão, serenidade, profundidade, credulidade, capacidade de interiorização a de perdão, ternura, etc. Na sua forma negativa possui: indiferença, derrotismo, timidez, falta de participação, inflexibilidade, indolência, etc.

O temperamento fleumático na sua forma ativa possui: atenção, presença, perseverança, ponderação, determinação, seriedade, firmeza, escrupulosidade, solidez, concentração, sobriedade, pontualidade, discrição, objetividade, precisão, senso de responsabilidade, confiabilidade, prudência, resistência, consequência, etc. Na forma negativa: insipidez, desleixo, autodepreciarão, indiferença, falta de consciência, aversão ao contato humano, lentidão, falta de agilidade, indolência, desconfiança, laconicidade, etc.

"Tudo o que foi criado, o macrocosmo e o microcosmo, portanto o grande e o pequeno mundos, formaram-se através dos elementos" – Franz Bardon.

Este fabuloso site https://www.astrolink.com.br/mapa-astral realiza um mapa astral organizando por elementos predominantes. Observe esta tabela do mapa astral de Joãozinho:

Na identificação dos aspectos positivos e negativos da personalidade, se Joãozinho usar esta ferramenta (a Astrologia) obterá grande auxilio. Logo percebe-se, através da Astrologia, que ele é uma pessoa predominantemente fleumático e em segundo lugar sanguíneo. Franz Bardon nos orienta a criar três colunas para inserir os aspectos da alma em ordem de intensidade. Provavelmente, os aspectos que Joãozinho colocará na primeira coluna terão ligação com o elemento Terra, e os da última coluna com os elementos Água e Fogo.

Se Joãozinho observar em quais casas do seu mapa astral estão concentrados a maior quantidade de planetas, também descobrirá outra grande chave para o autoconhecimento. O Mapa Astral em si é uma ferramenta magnifica e sua correspondência com os elementos deve ser analisada e estudada em prol da descoberta dos aspectos positivos e negativos da personalidade. Após a listagem de no mínimo cinquenta aspectos negativos e cinquenta aspectos positivos, poderemos passar para o Grau II. O site citado a cima é de grande ajuda e o atalho que este propõe não deve ser encarado levianamente, o Mapa Astral não substitui a reflexão e a anotação constante por intermédio da autoanálise.

Superficialmente, apenas com a tabela de predominância dos elementos é possível listar alguns aspectos positivos e negativos de Joãozinho. Não considerei, por exemplo, o posicionamento da Lua no Mapa Astral de Joãozinho que está em Áries (fogo), além de Saturno e o nódulo norte. Quando o praticante criar sua tabela, ela deve ser feita ponderamente, sempre refletindo. Se não conseguir encontrar uma resposta, medite sobre a pergunta/aspecto.



Obs: Foram usadas as características baseadas nos quatro temperamentos humanos, mas também é possível construir outras tabelas usando as características positivas e negativas dos signos e dos elementos propriamente ditos, mais sobre as características dos elementos serão mostradas na tradução do livro The Universal Master Key de Franz Bardon.

Joãozinho ficou impressionado com a exatidão deste método. Aviso solenemente que este meio não deve substituir jamais a auto reflexão e auto observação constante, é uma ótima forma para um ponta péinicial, se não souber por onde começar. A lista não deve jamais ser escrita automaticamente, cada aspecto, positivo ou negativo é uma pequeno reflexo do prisma que compôe tua personalidade. A seriedade para com o treinamento mágico abre muitas portas. Reflita muito e Caminhe sempre!


Pistas, nunca as respostas;
Boas práticas!
L.A.

Bibliografia

BUENO, C. M. S.; MATTOS, M. Curso Básico De Astrologiaː Introdução à astrologia e signos. [São Pauloː Cultivox. 2001].

BARDON, Franz: Magia Prática: O Caminho do Adepto; um curso em dez etapas teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Ground, 2007.

Grau I - A Equanimidade e o Exercício de Observação

O primeiro exercício prático do livro de Franz Bardon é  confuso para muitas pessoas que nunca meditaram ou que sempre viveram no automático: como observar os próprios pensamentos se os pensamentos são eu? Após algum tempo de prática compreendemos que não somos os pensamentos e que muitos deles não são nossos. E se aplicarmos o exercício de observação, não apenas aos 10 minutos matutinos e noturnos, e sim a todo instante possível, desenvolveremos o que no Budismo é conhecido como a prática da equanimidade: observar, sem envolver-nos mental e emocionalmente, com os acontecimentos exteriores e interiores, emocionais ou biológicos (desejo).

"Quando somos equânimes, não nos prendemos às experiências boas nem às ruins. Em vez disso, criamos um espaço em torno das experiências – um protetor entre nós e as sensações associadas a elas. Esse estado de ser não está baseado no controle pré-frontal padrão das emoções, em que há inibição e comando da atividade límbica. Na verdade, com equanimidade, o sistema límbico pode disparar como bem entender. A questão mais importante da equanimidade não é reduzir ou canalizar essa ativação, mas simplesmente não reagir a ela. Esse é um comportamento muito incomum para o cérebro, que é projetado pela evolução para responder a sinais límbicos, em particular a vibrações de sensações prazerosas e desagradáveis (HANSON, Rick: O Cérebro de Buda. São Paulo: Alaúde, 2012)."

"Com equanimidade, a pessoa enxerga a natureza transitória e imperfeita da experiência, e seu objetivo é permanecer desencantada – livre dos encantamentos lançados pelo prazer e pela dor. Nesse sentido um tanto budista da palavra “desencantado”, a pessoa não está desapontada ou insatisfeita com a vida – ela simplesmente não é iludida por seus aparentes encantos e sobressaltos nem tirada de seu centro por nenhum deles (HANSON, Rick: O Cérebro de Buda. São Paulo: Alaúde, 2012)."

"A equanimidade envolve também permanecer consciente da corrente que passa sem se deixar levar por ela. Isso exige supervisão do cingulado anterior, especialmente nos estágios iniciais de equanimidade. Conforme esta se aprofunda, segundo meditadores, a continuidade do estado de atenção plena ocorre sem esforço¹, o que, presumivelmente, se relaciona com a atividade reduzida do CCA e a estabilidade auto-organizadora nos substratos neurais da consciência (HANSON, Rick: O Cérebro de Buda. São Paulo: Alaúde, 2012)."

1. O exercício de observação desenvolve naturalmente a concentração. Não é a toa que o segundo exercício do livro Magia Prática é o exercício de concentração. Coincidência? Acredito que não.

"Outro aspecto da equanimidade é um espaço de trabalho global da consciência excepcionalmente vasto (Baars 1997), o complemento neural do senso mental de grande amplidão em torno de objetos da consciência. Isso é possibilitado pela estável e extensa sincronização de ondas gama de bilhões de neurônios por grandes áreas do cérebro, disparando juntos, ritmadamente, de trinta a oitenta vezes por segundo. O interessante é que esse padrão atípico de ondas cerebrais é observado em monges tibetanos com muita prática em meditação – e muita equanimidade (Lutz et al. 2004)."

"Com o passar do tempo, a equanimidade alcança uma paz interna profunda, característica determinante da absorção contemplativa (Brahm 2006). Além disso, torna-se cada vez mais entrelaçada com a vida cotidiana, produzindo ótimos benefícios. Se alguém é capaz de quebrar a ligação entre as sensações e o desejo incontrolável – se pode conviver com o que é prazeroso sem correr atrás dele, com o desagradável sem resistir a ele e com o neutro sem ignorá-lo –, é sinal de que quebrou a cadeia do sofrimento, pelo menos por um tempo. E isso é não só uma bênção como uma liberdade fantástica (HANSON, Rick: O Cérebro de Buda. São Paulo: Alaúde, 2012)."

A mestre budista Kamala Masters conta a história da descida do rio Ganges de barco durante o amanhecer. À sua esquerda, o sol iluminava torres e templos antigos com um primoroso brilho róseo. À sua direita, piras funerárias queimavam, e os sons dos lamentos subiam com a fumaça. De um lado, beleza; do outro, morte, e a equanimidade abria o coração dela o suficiente para abraçar ambos.

Nem Luz
Nem Trevas
Apenas
O Equilíbrio
L.A.



"... O homem que não se deixa mais atormentar por essas coisas, - que se conserva firme e inabalável no meio do prazer e da dor, - que possui a verdadeira igualdade de ânimo: esse, creiam-me, entrou no caminho que conduz à imortalidade..." - Bhagavad-Gita.


Boas práticas!

Grau I - Exercício de Observação

Observar os pensamentos sem sê-los: de um lado as boas sensações sem encantar-nos, do outro lado as más sensações que observadas de longe, ambas são apenas ciclos não apenas da mente, mas da existência física.

Observar os desejos alterando o corpo e liberando os hormônios, sem envolvermo-nos mentalmente, sem lutar, pois lutar contra os desejos traz frustração. De repente jaz o desejo abrindo espaço para a clareza. No centro da mente deve brilhar neutramente a equanimidade.

Observar o macaco-ego: gritar, discursar, elogiar, sofrer. Observar sem ouvir. Observar sem deixar-se ser abraçado por suas garras reptilianas. E então, aos poucos a mente é envolvida pelo silêncio interno.

E no dia seguinte;
Observar novamente;
Até tornarmo-nos;
O Observador;
E não o objeto observado.
L.A.