O Poder da Imaginação – Parte I

Irei tratar nesta série de duas partes a importância e o poder da imaginação no trabalho e para o treinamento magístico, esta primeira parte é uma introdução. A imaginação sempre foi uma habilidade menosprezada pela mídia, ridicularizada nas crianças e diminuída na vida social: “Essa tem imaginação fértil”, “Está sonhando acordada?”, entre outros jargões que travam o desenvolvimento da imaginação por pura ignorância.



A ideia de que existe uma espécie de imaginação universal se reflete na obra de Carl Jung, cujas observações como psiquiatra o levaram a postular o conceito de Inconsciente Coletivo - uma região da mente comum a toda a raça humana. O interesse crescente dos acadêmicos pelo xamanismo, alguns anos depois da morte de Jung, levou à descoberta de que as visões xamânicas permitiam um acesso consciente a esse nível de realidade, e que tal acesso muitas vezes parecia produzir resultados no nível físico (ASHCROFT-NOWICKI, Dolores e J.H. Brennan. A Magia das Formas-pensamento. São Paulo, Pensamento. 2009).

A extraordinária ação da Imaginação e a forma como ela alcança o seu auge podem ser vistas por meio de um exemplo tirado da experiência em tempos de epidemia, quando ela envenena mais do que qualquer ar infectado, e contra a qual nenhum antídoto, seja de mitridato ou de melaço, surte qualquer efeito; a menos que ela definhe e feneça, nada ajudará. A Imaginação é uma corredora e mensageira tão ágil e veloz que não apenas passa de casa em casa e de rua em rua, mas ainda se alastra de uma cidade ou país a outro; assim, pela Imaginação de um único indivíduo, a epidemia pode assolar uma cidade ou um país inteiro e matar milhares de pessoas (Paracelso, Archidoxis Magicae (em inglês The Archidoxes oj Magic, Londres: Askin, e Nova York: Weiser, 1975).

A imaginação de um iniciado é diferente da de uma pessoa comum. Para um mago, a imaginação é o modo pelo qual a Vontade se expressa no reino mental. Sem a imaginação, a vontade não tem meios de se executar magicamente sobre as esferas de influência. O mago sabe que a esfera mental é onde toda a magia se inicia, com o uso da imaginação “plástica” (tão clara que parece real). Se a imaginação é forte e clara o suficiente no reino mental, então as forças astrais correspondentes se moverão em harmonia com seus arquétipos mentais como dirigidos pelo mago. Então, aí vemos a importância em todo o treinamento mental até agora, porque se o estudante for incapaz de trabalhar com as imagens cristalinas e desejos no reino mental, ele gastará muita energia tentando causar uma ocorrência astral. Os processos astrais não seriam capazes de seguir um arquétipo espalhado e fraco para cumprir tal Vontade destreinada. Tal mago seria capaz de executar alguma magia mental, sendo pouco capaz de trazer qualquer efeito astral e completamente incapaz de causar qualquer mudança física. Muitas pessoas associam a palavra “imaginação” com “irreal” ou “falsidade”. Para o mago, a imaginação é uma coisa muito real e a mais importante de todas as ferramentas mágicas disponíveis a ele. Não é um “sonhar acordado” vago, mas uma operação exata da Vontade sobre a esfera mental para ativar as forças desejadas (Comentários Sobre IAH, Chris Murphy).

Segue-se que a imaginação, a abstração e a comparação dominam as manifestações do espírito, delas decorrendo todos os inventos e descobertas, inspirações e criações do gênio (BOZZANO, Ernesto. Pensamento e Vontade. Roma, 1926).

E assim como uma espécie de demiurgo, que cria os objetos e imprimem diretamente na matéria amorfa as ideias que lhe perpassam pelo cérebro, ou os sonhos da sua imaginação. ( Anais, 1914, página 149).



A tela que você está lendo este artigo, a rede elétrica por onde passa a energia que alimenta os eletrodomésticos, o ônibus e o carro usados diariamente por bilhões de pessoas. Todas as criações humanas existiram antes de serem manifestadas em aspectos físicos, na imaginação. Os prédios que se contrastam com o horizonte, os aviões borbulhando no céu azul. As estórias literárias que nos fazem chorar ou sorrir foram criadas na imaginação do autor, o mundo é a tela onde as cores da imaginação atuam. A imaginação é tão forte que pode levar as pessoas a ficarem presas em suas cabeças em ciclos sem fins de criações e sensações. A imaginação cria o medo: quando um galho de uma árvore se transforma no braço de um monstro que por algum motivo quer nos devorar as dez e meia da noite, ou cria a tristeza quando nos imaginamos sozinhos num futuro incerto. Também cria o amor quando começamos a nos imaginar ininterruptamente com aquela pessoa especial. Em todos estes pontos, e em muitos outros quais o leitor descobrirá através da reflexão, a imaginação nos controla, mas e se tivéssemos as chaves para passar a desenvonvê-la? Se deixássemos de sermos meros escravos de imagens que vem e vão por portas que desconhecemos? Nos próximos artigos conheceremos algumas dessas chaves.

L.A.

Nenhum comentário:

Postar um comentário