Grau I e II - Equilíbrio Elemental

Por Lucas Augusto


De acordo com a minha experiência em alinhamento com as instruções de Franz Bardon no livro Magia Prática - O Caminho do Adepto: um curso em dez etapas, e Virgil em The Elemental Equilibrium: Notes on The Foundation of Magical Adepthood.

Já escrevi alguns textos sobre o processo de transmutação interna, inclusive no meu pathwork do Grau I. Mas o texto de hoje é um guia prático que envolve a junção do Grau I e II. Não é necessário ler o textos anteriores para a compreensão, mas para aqueles que desejarem, segue os links abaixo.

Desnecessário dizer que para a compreensão desse artigo é indispensável ter lido a introdução e o primeiro Grau do IAH.

É preciso vibrar para transmutar
Alquimia inteior e potencialidades
Bardon & C. Jung: O Desenvolvimento Mágico-Espiritual e da Consciência
Grau II - A Transformação do Caráter e as Obsessões Espirituais
Astrologia, Psicologia e a Instrução Mágica da Alma (I)

Franz Bardon, IAH, hermetismo, magia

INTRODUÇÃO

Não é exagero dizer que este é o exercício mais importante do sistema de Franz Bardon. Sem o equilíbrio elemental estabelecido torna-se perigoso o trabalho com os Graus posteriores. Por exemplo, ao respirar o elemento fogo (ou qualquer outro) no Grau III, se o equilíbrio com os aspectos da personalidade não fora atingido, o exercício de respiração elemental irá fortalecer os aspectos negativos, em vez de fortalecer os positivos se houvesse o equilíbrio. Não se trata apenas de transmutar, mas de fortalecer os aspectos positivos também. Este é um dos principais motivos de existir tantos ocultistas com um orgulho gigantesco. Não é, ao todo, culpa deles, e sim do sistema que eles escolheram que os conduziram aos trabalhos com os elementos sem propor e estabelecer o equilíbrio elemental interior em primeiro lugar. Sem o equilíbrio elemental ou você ficará estagnado ou destruirá sua vida - Magia não é brincadeira para crianças - ou não se desenvolverá como um verdadeiro Mago. O sistema de Franz Bardon não seria um sistema de magia verdadeira sem essa etapa do treinamento.

ORGANIZANDO O ESPELHO DA ALMA

Há duas formas de criar o espelho da alma, a primeira e primordial é através da introspecção (reflexão, meditação, auto-observação constante), a segunda e opcional, é através do Mapa Astral pessoal. Já comentei sobre a segunda opção aqui. Ressalto novamente que se você nunca parou para observar seus aspectos negativos (vulgo defeitos) e não tem a menor noção sobre o assunto, o Mapa Astral irá ampliar um pouco sua compreensão sobre si mesmo, provendo uma breve introdução sobre você mesmo, com a qual será possível dar os primeiros passos - além deste artigo.

Começar simplesmente anotando os aspectos de forma trivial e universal irá dificultar a etapa da transmutação. Comece escrevendo em seu diário, físico ou em nuvem, frases sobre a situação em que os aspectos aparecem e colocando uma observação sobre o grau de intensidade, de um a três, sendo três alto, dois médio e um fraco, por exemplo:


#1 Quando minha mãe/esposa me questiona eu me irrito (2).
#2 Quando minha esposa chega do trabalho reclama da louça que não lavei para ela (3)
#3 Quando vejo mulheres na rua sinto uma forte atração e excitação (3)
#4 Minhas notas são baixas porque tenho preguiça de estudar (3)
#4.b Minhas notas são baixas porque mesmo estudando não consigo aprender (3).


E não há limite para a quantidade… na segunda etapa organizamos os aspectos por elemento. Na anotação de número um temos duas possibilidades. 1. Fogo, pela irritação. 2. Ar, pelo fator mental, querer estar certo e isto catalisar a irritação. Se você se deparar com uma situação semelhante, use a introspecção para descobrir o elemento do traço: se é irritação natural e constante ou se a irritação é acionada por uma teimosia mental.

Na anotação de número dois também temos duas possibilidades. 1. Terra, preguiça. 2. Água, falta de empatia. Novamente, qualquer situação deve ser dissecada através da introspecção. Você compreende sua companheira, percebe que ela chega cansada e sente que precisa ajudá-la, mas mesmo assim não consegue lavar a louça? Então o traço é a preguiça.

Diante dos diversos casos de estupro, creio que o número três é um problema de higiene social. Temos várias possibilidades: 1. Repressão de traumas ou de paixões (água). 2. Abundância de energia sexual (fogo). 3. Algum distúrbio psicológico (ar). 4. Carência física (terra). Somente a introspecção irá revelar a verdadeira razão, é importante ter em mente que existem, por exemplo, vários tipos de carência: social, emocional, psicológica, física, de conhecimento, etc. E cada uma pode estar ligada a um elemento diferente e isso se aplica a todos os aspectos. Não é porque uma pessoa sempre chora em situações de estresse que o aspecto (sensibilidade) está ligado, como regra absoluta, ao elemento água, é preciso investigar a raiz primária do aspecto.

O número quatro é um exemplo claro de uma mesma situação, mas com elementos diferentes. No primeiro o catalisador é a preguiça, no segundo uma deficiência do elemento ar, qual a transmutação irá fortalecer: a inteligência. Lembre-se que a função da transmutação não é apenas transmutar aspectos negativos em positivos, mas também criar novos aspectos positivos e fortalecer os que você já possui também.

Após meditar sobre cada situação, avaliando e refletindo, Joãozinho descobriu o elemento e o aspecto raiz (primário) em cada situação, e deverá criar outro documento ou começar um novo capítulo se o diário for físico, o espelho negro da alma ficará assim: 

#1 Impaciência (Fogo - 2)
#2 Preguiça (Terra - 3)
#3 Carência física (Terra - 3)
#4.1. Incapacidade mental (Ar - 3)

Se você quiser, pode colocar o aspecto positivo a ser transmutado para facilitar futuras consultas.

#1 Impaciência (Fogo - 2)
> Paciência.

#2 Preguiça (Terra - 3)
> Disposição.

#3 Carência física (Terra - 3)
> Autossuficiência.

#4.1. Incapacidade mental (Ar - 3)
>Inteligência.

E somente após isso em um outro documento, iremos fazer a tabela.

Então, teremos um primeiro documento com os aspectos brutos. Um segundo documento com os resultados das introspecções, e por fim a tabela. Para aumentar a exatidão da tabela, é necessário realizar todo o processo. Se observarmos o treinamento, não importa qual elemento é predominante na nossa personalidade, temos que transmutá-lo de qualquer forma. Então, não gaste muito tempo tentando descobrir o elemento de um aspecto, seja ele positivo ou negativo,  Bardon orientou essa classificação porque enquanto fazemos isso acabamos por consequência estudando os elementos já no Grau I e aprimorando o autoconhecimento, contudo se sua carência é ligada ao elemento terra ou água, não importa, você terá que transmutá-lo de qualquer forma. Faça o mesmo com os aspectos positivos.

ENRAIZAMENTO

A maior dificuldade de assumir um aspecto negativo como negativo (um defeito como sendo um defeito) é quando ele faz parte de nós há tanto tempo que não conseguimos nos enxergar sem ele. Quando ele está tão profundamente enraizado em nossa personalidade que apenas o fato de olhá-lo provoca tristeza e desânimo. “Como vou lidar com isso?” “Eu sou assim mesmo, não tem jeito”. Ou pior: quando não o encaramos como um aspecto negativo, mas o abordamos com normalidade. É fácil identificar se um aspecto é negativo ou positivo: se ele provoca dor a você ou aos outros, se impede seu crescimento profissional e pessoal, se traz tristeza ou melancolia, se torna o clima pesado para os outros e/ou para você, é, definitivamente um aspecto negativo. Eu mesmo tenho dificuldade com alguns aspectos negativos enraizados, trazê-los para a superfície e propiciar situações em que os testem é uma ótima fórmula para observar como a nossa personalidade funciona no automático. Sua gentileza só poderá ser chamada de gentileza quando for automática, sua humildade só poderá ser humildade verdadeira, quando num único impulso você for humildade naturalmente. Seu amor só poderá ser amor quando seus olhos brilharem até mesmo para uma flor. Ao contrário, você está enganando a si mesmo e os outros. Observe seus atos e pensamentos automáticos: aquele negro do outro lado da rua, aquele casal de homens ou apenas de mulheres se beijando, aquela pessoa baixinha: qual pensamento e sentimento surgem de forma automática em sua mente? Não esqueça de anotar. Eu já disse que o processo de autodescobrimento dói, não é mesmo? Compre um sorvete para você após fazer esses exercícios, você merece.

O PROCESSO DE TRANSMUTAÇÃO

Existem seis exercícios que devem ser executados em conjunto e diariamente e com o mesmo nível de esforço para a transmutação interna ocorrer com sucesso. Explicarei cada um na ordem que são apresentadas no livro O Caminho do Adepto de Franz Bardon.

ASSIMILAÇÃO CONSCIENTE DE NUTRIENTES

Toda vez que você está prestes a comer, coloque a comida na sua frente, olhe para ela e impregne a essência da comida com a ideia da qualidade positiva que você quer desenvolver. Esse processo é chamado de “impregnação” e transformará a comida nessa qualidade no nível astral-mental. Quão completa é a transformação depende da qualidade da impregnação. Quanto melhor você impregnar, mais completamente você será capaz de transformar o corpo astral-mental da comida em uma qualidade, imprimindo essa qualidade na essência da comida através do poder da intenção focalizada (VIRGIL, 2017).

Tudo o que comemos e bebemos é assimilado fisicamente pelo corpo, e astral e mentalmente pelos corpos astral e mental. Quando iniciei com essa etapa do treinamento, eu constantemente esquecia de impregnar a comida com a qualidade que eu estava desenvolvendo, ou se lembrava o fazia rapidamente e começava a conversar com quem estivesse comigo. Enquanto eu comia, os assuntos da conversa despertavam ora repulsão, ora tristeza, ora raiva -  porque as pessoas adoram conversar sobre problemas enquanto estão comendo e querem te incluir nisso. Eu estava envenenando-me. A impregnação deve ser constante porque acompanha a intenção e esta deve ser firme e ter total foco no alimento - em nenhum outro assunto, sensação lembrança, memória, pessoa. Comer se torna um ato meditativo de  pura intenção e absoluta convicção - não é usado a visualização. Digamos que você, durante o próximo mês, se dedicará ao desenvolvimento da humildade. No café da manhã você não estará comendo pão, você estará comendo humildade. Literalmente. Não é apenas sentir que está comendo humildade, é acreditar que está se alimentando de humildade. No almoço você não está comendo feijão com arroz, você estará comendo humildade com humildade. Do primeiro ao último grão de humildade: concentração, sensação e crença absoluta. Sinta a humildade vibrando em seu estômago e sendo absorvida pelos três corpos: físico, astral e mental. Para os outros, poderá parecer que você está num estado de lerdeza, pois seus olhos estarão calmos e seu corpo relaxado, mas mentalmente você estará completamente voltado para o processo de alimentação consciente. Olhe profundamente para o alimento, contemple-o em seu nível espiritual e acredite: é pura humildade!

Quando estou almoçando num restaurante, e não posso colocar as mãos sobre a comida, deixo uma das mãos próxima ao prato como que o protegendo de mosquitos e com a outra eu como. Também, como Bardon mencionou, você pode colocar as mãos em posição de oração, isso irá fortalecer sua crença que diante de você há um prato de humildade divina brilhando em pura luz. Peça para que a Providência Divina, ou Deus, ou Buda, ou Jesus ou Brahma abençoe a comida com humildade divina. E não esqueça de fazer isso com as bebidas também. Recomendo uma pesquisa sobre O Efeito do Observador.

William Mistele escreve muito sobre a “perfeição da sabedoria”. Essa é a mais alta, mais pura, mais exaltada e mais divina forma de sabedoria. Considere meditar sobre este conceito e estendê-lo ao praticar uma alimentação consciente. Não transmute a comida que você está prestes a comer em paciência, carisma ou generosidade. Transmute-a na perfeição da paciência, na perfeição do carisma ou na perfeição da generosidade (VIRGIL, 2017).

A MAGIA DA ÁGUA

Existem algumas formas de usar a água no processo de transmutação, a primeira é durante o banho, e para tanto o banho não deverá estar quente, pois conforme mencionado por Franz Bardon a água perde o magnetismo aos trinta e seis graus (a água tem o poder de atrair e absorver), pois conforme a água aquece, ela adquire as características do elemento fogo. Porém, o banho não deverá estar em uma temperatura desconfortável, pois é preciso estar relaxado para maximizar o processo de transmutação. Se você é acostumado com banho quente, diminua um pouco a temperatura todos os dias, até seu corpo se acostumar. Ou comece o banho quente e diminua a temperatura nos próximos vinte segundos, assim você enganará o corpo. Não esqueça: até uma temperatura confortável, mas levemente fria. Se você consegue tomar um banho frio e se manter relaxado, melhor ainda. Não irei comentar sobre os benefícios do banho frio, pois isso pode ser encontrado numa breve pesquisa.

ABORDAGENS

1. Durante o banho concentre-se no magnetismo da água com intenção e vontade enquanto direciona à água o aspecto negativo eliminado - observe que na alimentação consciente nos concentramos no aspecto positivo, já no banho nos concentramos no aspecto negativo de modo que esse seja eliminado.

2. Crie um poema ou escreva uma música sobre o aspecto a ser eliminado sendo levado pela água durante o banho, e cante com intenção enquanto se concentra no magnetismo da água.

3. O mesmo pode e deve ser feito ao lavar as mãos.

4. Ao se hospedar em hotéis que não é necessário pagar a conta de água, aproveite! E fique um bom tempo lavando sua sujeira astral-mental.

5. Se o aspecto negativo a ser lavado estiver ligado a algum trauma, lembrança, situação do passado; durante o banho se imagine na situação e abrace a situação trazendo as sensações do passado para o presente para serem absorvidas pela água. Embora pareça, essa não é uma abordagem psicológica. O Akasha está além do espaço-tempo e partir dessa Lei qualquer trauma pode ser trazido completamente do passado e levado embora pelo magnetismo do elemento água.

6. Ao terminar o banho, execute alguns inspirações absorvendo a humildade para “preencher” o espaço que o orgulho deixou - mais sobre isso será tratado mais a frente.


AUTO SUGESTÃO: O MISTÉRIO DO SUBCONSCIENTE


Essa é a etapa mais fácil e ao mesmo tempo a mais difícil de ser implementada (se tornar um hábito), porque a grande maioria das pessoas acordam cansadas ou não totalmente recuperadas, o que abre um grande espaço para o cruel e vil pensamento: “amanhã eu faço” ou “não terá problema”. O amanhã sempre gera outro amanhã, e o problema é que você não desenvolverá a humildade no corpo mental, fazendo com que os outros dois corpos continuem recebendo influências do orgulho, tornando impossível uma transmutação completa e eficiente.

A primeira coisa a ser feita é comprar um barbante e criar quarenta nós ou um japamala, ou um terço, ou uma cordinha (a quantidade mínima de repetições é 40, não 39, não 38, 40), o material precisa ser resistente, pois você o usará por um longo tempo. Sempre guarde-o em um lugar de fácil acesso para apanhá-lo rapidamente quando acordar - eu por exemplo, deixo o meu numa cômoda exatamente ao lado da cama, após usá-lo antes de dormir, deixo a cordinha sob mim, então quando eu acordar apenas procuro, e ela está sempre próxima do meu corpo, não abro nem os olhos e já começo o processo de autossugestão.

A  autossugestão não deve ser feita sem vontade e de forma mecânica, é preciso atenção e concentração. Isso irá desenvolver e muito a sua vontade, quando pela manhã precisar reunir, aos poucos, sua vontade de se tornar uma pessoa melhor. Não disperse os pensamentos, como por exemplo, durante o processo começar a pensar no que fará a tarde ou no que fez ontem. Se concentre na autossugestão, sinta a humildade, acredite que você JÁ É HUMILDE, repita com fervor. É aconselhável, pelo menos, sussurrar, verbalizar. Tente com um (dizer apenas mentalmente) e depois o outro (verbalizar), e notará a diferença por si mesmo(a).

Durante o dia você também deve usar a autossugestão, principalmente se você demora uma hora e meia para chegar ao trabalho, por exemplo, e não faz nada de útil durante esse percurso, e pode se concentrar na autossugestão mentalmente, e quando estiver sozinho verbalize - o uso diurno desse  processo não elimina o matutino e o noturno, pois imediatamente após acordar e antes de dormir são os momentos em que o subconsciente está mais predisposto a sugestão.

A afirmação, como mencionado por Bardon, deve ser feita no presente: eu sou humilde. E não deve conter negações, como: eu não fumo, nesse caso o correto seria: eu estou livre do cigarro. Se você não possui um bom desempenho na alimentação consciente, ou em qualquer outro processo, você pode usar a autossugestão para fortalecer a habilidade, tal como: eu sou bom em comer conscientemente. De fato, você pode usar esse processo e qualquer um dos seis, para criar e fortalecer qualquer habilidade. Fábio Puentes, famoso hipnólogo, afirma que o subconsciente não absorve uma frase com mais de seis palavras, então não crie frases muito longas. Seja objetivo e claro.

Em The Elemental Equilibrium, Virgil recomenda uma adição interessante ao processo de autossugestão. “Algumas pessoas, como Mouni Sadhu, Georg Lomer e William Mistele, recomendam a visualização de uma imagem relevante ao praticar a autossugestão. Por exemplo, se você está tentando eliminar a acrofobia de si mesmo, enquanto está repetindo repetidamente “estou confortável com as alturas”, você também se visualiza andando confortavelmente em uma corda bamba alta. Você pode fazer isso do ponto de vista de primeira pessoa ou terceira pessoa.”

Livros recomendados: O Domínio de Si Mesmo pela Auto-sugestão Consciente de Émile Coué / Auto Hipnose - Manual do Usuário de Fábio Puentes / Autohypnosis for Franz Bardon´s Initiation into Hermetics por Ray del Sole (em inglês).

O MISTÉRIO DA RESPIRAÇÃO

Embora simples, há algumas precauções e abordagens que devem ser esclarecidas. Impregne o ar ao seu redor com a humildade, e inspire sete vezes conscientemente a  humildade. Comece com sete respirações pela manhã, e sete a noite. Conforme a proficiência com o exercício aumenta, o número de respiração deve ser acrescido também. Mas não faça por mais de trinta minutos.

Esse não é um exercício de respiração em seu sentido literal, você deve respirar normalmente, mas o akasha contido no ar estará impregano pela qualidade que você busca desenvolver. Você não está impregnando o elemento ar com a qualidade, você está impregnando o Akasha contido no elemento ar. A respiração consciente e a alimentação consciente são duas parceiras que suportam uma a outra  juntas. Os efeitos da respiração consciente se manifestam com mais poder no corpo mental, e os efeitos da alimentação consciente se manifestam com mais força no corpo astral. Juntas, eles constituem uma poderosa forma de transformar seu corpo astral-mental (VIRGIL, 2017). Com o tempo será útil e proveitoso expirar o oposto da qualidade almejada, no exemplo deste artigo: inspirar humildade e expirar orgulho.

“Por favor, note que o que interessa ao estudante aqui não são os constituintes físicos do ar que são inalados (oxigênio, nitrogênio, etc.), nem à energia vital inalada. Isso não é "pranayama" nem é um exercício para hiper-oxigenar o sangue. A única coisa a ser considerada nesse estágio é a ideia inalada a cada respiração - essa ideia representa a qualidade daquilo que é captado e está ligado, pela mente, ao princípio akasha do ar físico. ” - Rawn Clark em A Bardon Companion.

VONTADE

Antes de iniciar a transmutação é de suma importância ter certeza que você realmente quer mudar, se você quer praticar porque gosta da água, porque sente uma ligação com os elementos, porque possui dons espirituais, porque deseja poder, etc. Saiba que essas coisas não são suficientes pois não sustentam o treinamento a longo prazo, e podem causar estragos mentais e emocionais. É necessário ter absoluta e uma profunda Vontade de mudar. Apenas isso. Uma Vontade que reconhece e aceita todos os seus defeitos, todos os seus traumas, uma Vontade que se retroalimenta e queima os olhos. Essa Vontade pode e irá ser desenvolvida se você treinar com afinco os exercícios do Grau I.

A INFERIORIZAÇÃO DA FÉ

Existe um grave problema no ocultismo moderno, o qual o Bardonista deve refletir: a falta fé. Fala-se muito em Vontade, em habilidades ocultas, em livros raros, em rituais diversos, cristais, astrologia, evocações. Você não encontrará a fé em nenhum livro, e certamente muitas pessoas praticam por anos sem fé alguma. É necessário ter fé para penetrar nas obscuridades de si mesmo e voltar lúcido. Esse é um dos motivos do porquê muitas pessoas simples do interior conseguem operar milagres que magistas com treinamento de anos não conseguem. A fé é conectada a humildade, e humildade pode ser encarada como sinônimo de Deus. É a fé que mantém o coração firme e o hábito vivo. Sem fé transmutar a si mesmo será um esforço hercúleo. Reflita sobre a fé, pois sua magnificência não abarca essas linhas.

CONSIDERAÇÕES E CONSELHOS FINAIS

Alguns autores recomendam executar a respiração pelos poros de algum elemento, como mencionado no começo do artigo, antes de obter um equilíbrio elemental, isso é estritamente proibido.

Não é aconselhável executar o exercício de respiração em locais público, já que você precisa impregnar o ar ao seu redor com a qualidade. Reforçando: a respiração consciente não é a mesma coisa que pranayama, você respira normalmente. Ao contrário, se faz uso da autossugestão no dia a dia.

Todo o processo de transmutação não deve ser encarado como uma batalha entre você e seus inimigos aspectos negativos. Pelo contrário, para a  transmutação ocorrer você deve aceitá-los, entender que a existência deles trouxeram você até aqui, abrace-os e permita que eles se vão.



REFERÊNCIAS

VIRGIL. The Elemental Equilibrium: Notes on The Foundation of Magical Adepthood, Falcon Books, 2017.

BARDON, Franz: Magia Prática: O Caminho do Adepto; um curso em dez etapas teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Ground, 2007.

PUENTES, Fábio: Auto Hipnose: Manual de Usuário. Cenaun, 2001.