A Sombra na Psicologia e na Magia

Por William Mistele.

A sombra na psicologia é frequentemente vista como a parte de nós mesmos que negamos e achamos repugnante. Nós gostamos de pensar que estamos no comando de nossas vidas, gostamos de sentir que somos motivados de maneiras específicas, de acordo com nossos ideais e nossas crenças. Então, naturalmente, nos sentimos desconfortáveis com as coisas em nós mesmos que não se encaixam em nossa autoimagem consciente.
Mas em termos de psicologia a sombra está sempre lá. Ela existe como um reflexo ou contraparte da nossa existência social e dos papéis que assumimos na vida. A sombra é o oposto de quem você não é, em termos de gênero e polaridade. A sombra é a parte do seu eu que você não integrou em sua consciência. Portanto, como as constelações (astrologia), a sombra é um componente necessário da vida psíquica e tem um papel inestimável a desempenhar no crescimento espiritual.

Uma das formas de perceber sua sombra é observar aqueles momentos em que você não está gostando ou está odiando alguém. O que você detesta ou acha desagradável e mau no outro, é a sua própria sombra. O rosto do outro age como uma imagem espelhada refletindo o que está oculto em você. A antipatia e a aversão que você possa sentir não é idêntica com as ações e crenças do outro. A sombra é mais sútil que isso.

Em vez disso, o motivo de você não gostar de alguém, é porque esta pessoa está dando vazão a algo que você reprimiu em si mesmo. É a motivação do outro em odiar, temer, desejar e obsidiar que é a voz da sua própria sombra te chamando para reconhecer e encontrar uma forma de expressar o que você nega em si mesmo.

Se não fosse esse o caso, você seria mais simpático e compreensivo sobre a motivação por trás das ações do outro. Você não precisa concordar com eles ou aceitar suas ações. Mas você não seria intimamente repelido por eles. Você se sentiria mais objetivo e talvez até mesmo entenderia o que eles estão passando e a maneira natural como aprenderão através da experiência.

A sombra é um paradoxo. Se você se render às suas exigências, você agirá de modo grosseiro e prejudicial. Se você a nega ou a reprime, você perde sua criatividade e momentum, pois a sombra tem o poder de sabotar sua motivação. Ela conhece a fonte dos instintos que lhe concedem seu maior poder e energia.

Portanto, a sombra exige de nós que inventemos novas formas de viver e ser. A sombra é o preciso fator de equilíbrio que aparece porque nos encontramos restritos e inibidos por nossas maneiras convencionais de pensar e viver. Neste sentido, a sombra é um companheiro de vida, amigo e espírito guardião, nos salvando de cair em um estilo de vida rígido e em padrões de pensamentos que negam o livre movimento do espírito e da energia natural dentro de nós. A sombra não possui o brilho e a luz que resplandece nas faces daqueles que estão plenamente vivos. Mas a sombra é um espírito guardião que aparece como uma voz disfarçada de consciência.

A sombra nos lembra que não estamos totalmente vivos. Exige-nos, portanto, que busquemos as profundezas de nós mesmos e honremos todos os aspectos da vida instintiva dentro de nós. A sombra não está satisfeita que tenhamos sucesso na vida e conquistemos realizações materiais. Ela pede, em vez disso, que quando brilharmos, brilhemos com um brilho transformador – que a inocência seja combinada com sabedoria atemporal, que a juventude seja combinada com o conhecimento dos ancestrais, que o amor seja combinado com poder, que a ternura seja combinada autodomínio, que o sonho seja combinado com a expressão material, etc.

A sombra é a escuridão lançada pela luz da consciência. Ao nos definirmos de uma maneira específica, automaticamente deixamos de lado muito do que está ativo dentro de nós. Podem ser desejos, necessidades, anseios instintivos, modos de agir que nós não apenas detestamos e rejeitamos – mas que de alguma forma conseguimos nos convencer de que não existem dentro de nós.

Em termos de sombra psicológica, o perigo para um mago é que ele seja tentado a confiar em seu senso de autoridade. Isto é, ele enfatiza seu senso de convicção, propósito e compromisso e acaba ignorando seus desejos e necessidades pessoais. De fato, ele pode negar aqueles desejos legítimos e necessidades instintivas dentro de si que têm uma reinvindicação genuína em sua vida e consciência.
A Magia é um compromisso de vida e um caminho de constante treinamento. Mas ser um Magista não significa que você está isento de cumprir tarefas cármicas que pertencem a cada estágio de vida. Um Magista procura ser completamente responsável por todos os aspectos da vida, de modo que ele tenha tempo necessário para treinar e praticar. 



Mas em relação a autoridade, a vontade do Magista é equilibrada por uma sensibilidade extraordinária. Ele está sempre disposto a encontrar uma maneira de processar seus sentimentos e emoções. Isto é, seu compromisso com o equilíbrio mágico o torna completamente alerta, de modo que ele dá total atenção à sua experiência. 

Na terapia, o cliente se abre a partir de uma atmosfera de confiança com o terapeuta. O cliente revela e fala sobre o que ele sente e experiências do passado. O terapeuta, apenas ouvindo oferece proteção e compreensão. Mas o Magista internaliza esse processo dentro de si mesmo. O cliente pode retornar dezenas de vezes durante anos para conversar sobre conflitos que permanecem sem solução dentro dele. Mas o Magista traz toda a força de sua concentração mágica e intuição psíquica para suportar qualquer aspecto de sua vida interior em que ele se concentre. O Magista também pode levar anos para resolver conflitos internos, mas ele tem toda uma hierarquia divina de espíritos e anjos para ajuda-lo, estes, amplificam sua intuição e concedem muitos insights baseados na sabedoria que possuem.

O alquimista começa com o material mais escuro e impenetrável, é sobre isso que ele trabalha para criar o elixir da vida. E o indivíduo que se torna iluminado deve, ao final, ter um encontro com o senhor de todos os demônios. É o mais sombrio e incorrigível que vem para certificar se você alcançou a liberdade absoluta – se resta alguma coisa que possa obstruir você.

A SOMBRA NA MAGIA

Aqueles que empreendem jornadas interna encontrarão uma escuridão interior. Eles podem pensar que seu objetivo é ascender à Luz. Mas no momento em que eles fecham os olhos e viajam para dentro de si, eles também estão descendo para o inconsciente. 

Isso ocorre porque a Luz superior abrange tudo o que existe. Não nega absolutamente nada. É onisciente e onipresente. Sabe tudo e está em toda a parte e dentro de todas as cosias. Apenas um tolo pensa que pode se apossar e comandar parte do espírito humano às custas de afastar outras partes. O eu interior é um todo. Não tolera separação e divisão. 

Portanto, em uma jornada interior, o indivíduo passará por portais fechados e portões selados. Ele passará por formas de vida que parecem mortas ou estão morrendo. Mas como o eu consciente, esses desejos e anseios pessoais, coletivos e antigos desejam sobreviver. Os segredos dos antepassados, a dor oculta e a tristeza enterrada por séculos têm uma reinvindicação sobre aqueles que adentram a si mesmos. Essas coisas desejam ganharem vida novamente, florescer e expandir, de modo que não sejam negadas. Desejam renascer e serem transformadas, serem curadas ou reunidas com o todo, para que encontrem o lugar que pertencem.

Portanto, parte de um processo espiritual é estar ciente de que durante a jornada, você despertará suas esperanças e sonhos esquecidos. E a dor e o medo há muito tempo enterrados surgirão novamente, buscando serem curados e transmutados. Dentro de nós há desejos tão sufocados e reprimidos que, quando surgem, aparecem como demônios. Não há esperança ou algo positivo dentro deles. Eles são tão vorazes e possuem tanta dor que destroem o que tocam.

Semelhante a história do aprendiz de Mago que evoca inadvertidamente um demônio, e este questiona o aprendiz, “com qual propósito você me chamou?”. Temos desejos dentro de nós que não possuem formas de expressão em nosso mundo. Alguns desses desejos são nossos, outros são aqueles que nossos pais e ancestrais nunca puderam satisfazer por séculos, e assim são transmitidos para nós como parte de uma tradição ou cultura, responsabilidades transmitidas do passado para o presente. Alguns desejos são anteriores à raça humana em bilhões de anos.

Se você é receptivo e aberto para o que está dentro de você e se viajar o suficiente por dentro de si, esses desejos irão aparecer e é melhor você estar preparado para provê-los com uma boa resposta quando perguntarem: “para qual propósito eu fui despertado novamente? Pelo eco de seus pés? Pela luz em seus olhos? Pelo calor de seu corpo? Pelo toque de sua alma quando você passa por aqui?”

Para um Mago é absolutamente essencial desenvolver uma identificação com a Luz Divina, isto será a base para a autoridade do Mago. É o que define seus atos, seus propósitos e seus objetivos na vida. Se você está em um reino desconhecido nos planos interiores, você nunca quer passar a impressão de que está perdido ou confuso, isso convida quaisquer coisas que você encontrar para lhe oferecer “assistência”, assumindo sua vida e tomando decisões por você.

Seja em transe, em contemplação ou em meditação, o Mago desenvolve um laço extremamente forte com a Providência Divina em seu aspecto de onipotência. O Mago procura ser soberano sobre os componentes de sua psique interior. Ele procura direcionar à vontade, o poder contido na psique. E procura entendê-los e penetrá-los tão completamente com sua consciência que eles estão mais do que dispostos a obedecer ao seu comando.

O Magista também possui uma sombra, já que ele tem uma personalidade, isso não é discutível. Mas para o Magista é muito mais fácil trabalhar criativamente com sua sombra, a sombra ama se associar com alguém que está disposta a ouvir e responder tudo que ela tem a dizer.

Como um Magista, no entanto, existe o que podemos chamar de sombra cósmica. A escuridão negativa - toda a hierarquia de demônios. No sistema de Bardon, para todo espírito positivo, há uma contraparte negativa. As auras de seres negativos são mais densas do que as auras dos espíritos positivos. Entidades astrais inferiores que possuem pessoas e que os sacerdotes exorcizam através de vários rituais não são um problema particular para o Magista, a questão são os demônios superiores que ele encontra e que aparecem de vez em quando para ver o que o Magista está fazendo.

Estes seres negativos têm papéis importantes no universo, do ponto de vista de Saturno, tanto os espíritos positivos quando os negativos servem para auxiliar o crescimento e desenvolvimento humano. Para trabalhar com os 49 Juízes de Saturno, você precisa ter internalizado em si mesmo um compromisso absoluto de atingir a iluminação ou a liberdade cósmica total. O mundo material funciona como um campo de treinamento no qual podemos experienciar e dominar todos os aspectos da vida. É sábio compreender que a vida está imbuída neste propósito.

Os espíritos negativos atrairão os indivíduos e os amarrarão em situações especificas e limitantes, impedindo o crescimento, até que estes indivíduos acabem por ouvir a consciência. A consciência irá lembrá-los que a vida é sagrada e santa, e que vale a pena pagar qualquer preço para deixar brilhar a beleza indescritível que está em todos os aspectos da vida. Quando o individuo alcança essa percepção, os seres negativos cumprem seu propósito oculto. Esses seres negativos não irão ter nenhuma influência espiritual significativa sobre aqueles que se voltaram para a luz dentro de seus corações. 

Bardon não menciona esse perigo sobre as visitas demoníacas em seu primeiro livro. Porém, em seu segundo livro A Prática da Evocação Mágica, ele se refere ao exemplo de um Magista reencarnado que, em uma antiga vida, trabalhou com espíritos negativos. As mesmas entidades negativas procurarão visitar o indivíduo em uma nova encarnação, se e quando ele escolher praticar Magia.

Acredito que há mais sobre isso que precisa ser considerado, suspeito que, para muitos Magistas genuínos, espíritos negativos aparecerão no início de sua prática, até mesmo no começo. Do meu ponto de vista, isso não é inapropriado. O sistema de Bardon, com sua completa revelação dos meios e formas de dominar o poder divino, requer um absoluto compromisso em servir a Providência Divina, o nível de poder é tão grande que mesmo em coisas pequenas, o Magista já está caminhando com propósitos divinos em tudo o que faz.

Não é minha intenção assustar ninguém que queira praticar o sistema de Franz Bardon. Gostaria de destacar, no entanto, que conheci alguns indivíduos que sentiram influências negras muito poderosas entrarem em suas vidas logo depois que começaram a trabalhar com o sistema de Bardon, este sistema por ser tão desafiador traz muita coragem e clareza mental e ajuda o indivíduo a ter grande força interior e viver uma vida saudável e equilibrada.

O problema é que algumas pessoas se sentem muito bem, com otimismo e dispostos a assumir um sistema desafiador de Magia. Mas, ao trabalharem com o sistema de Bardon e entrarem em meditações profundas, que estão em todos os capítulos do primeiro livro, eles se abrem para forças obscuras dentro de seu inconsciente. Quando você está em meditação profunda, você não está mais protegido pela ordem do mundo natural ou pelas tradições e religiões da sociedade. Essas forças são mais fortes do que o discernimento e vontade que algumas pessoas têm à disposição, isso pode resultar em sensações de poder excessivo às custas destas forças obscuras. As feridas de tais encontros podem durar uma vida inteira, a menos que você consiga passar por esses perigos. 

Por outro lado, se esses indivíduos não tivessem trabalhado com o sistema de Bardon, esse tipo de escuridão, em muitos casos, não teria entrado em suas vidas. Do meu ponto de vista, é importante para uma comunidade mágica disponibilizar recursos que enriqueçam o caminho oculto. Acredito que os indivíduos devem sentir-se livres quando enfrentam dificuldades em suas práticas para parar e levar o tempo que precisam para expandir o conhecimento antes de seguir em frente.

Para todo problema, existe uma solução. Para cada dificuldade existe uma forma de trabalhar sobre ela. Para mim, normalmente preciso encontrar a meditação certa, e então meu problema pessoal ou o problema que estou ajudando em outras pessoas se dissolve. Algumas vezes eu levo muitos anos para encontrar a meditação correta para o problema, mas tenho confiança em ser capaz de encontrar o que estou procurando.

Demônios monitoram atos incomuns de vontade, este é o trabalho deles. Eles querem que a vontade criativa esteja ligada ao mundo físico. Como muitas pessoas que conheço, os demônios ficam extremamente ciumentos quando vêem alguém próximo a eles agindo com liberdade e vivendo com uma beleza que não encontram em si mesmos.

Echotasa, o 16° dirigente da zona lunar, é especialista em autoridade mágica, proteção mágica e revela ao Magista como obter controle sobre os seres negativos da esfera lunar. Ele me orientou, dizendo que a melhor maneira de afastar seres negativos é unir-se ao seu anjo da guarda ou ao seu espírito interior. Este é o único caminho seguro para se livrar da influência negativa. Desta perspectiva, energias negativas ou seres negativos aparecem como um lembrete de que você deve se unir com a mais alta luz dentro de você.

UM RITUAL DE INICIAÇÃO PARA BARDONISTAS

Eralicarions, à 23° de Leão, na Zona da Terra, é especializado em formas universais de iniciação que estão presentes em todos os sistemas religiosos. Ele é muito bom em articular a natureza da iniciação em termos de atitudes e reviravoltas na perspectiva que os caminhos espirituais causam. Perguntei-lhe a sua opinião sobre o tipo de iniciação que um Bardonista pode considerar no início do treinamento. Ele respondeu, que é para o praticamente expressar palavras e explorar imagens semelhantes à natureza do exercício abaixo, para esclarecer seus compromissos espirituais.

Obviamente, para cada pessoa, a imagem é diferente. Somos todos únicos. O que enxergo e recebo de Eralicarions, é sobre uma pessoa entrando num templo visualizado nos planos internos, no interior de si mesmo. Este é, talvez, o templo de Salomão. O templo é enorme, com pilares de pedra gigantescos, pisos e paredes de pedra. O templo pode incorporar uma grande abundância ou ser completamente vazio, isso cabe a você descobrir de acordo com seu próprio conceito do que representa o sagrado.

Ao caminhar em direção ao centro do templo, perceba o grande silêncio consagrando o templo. Um silêncio que nasce apenas do sagrado. O silêncio que contém a sabedoria de eras e todo o poder que um Mago é capaz de expressar. O silêncio está nas profundezas e no coração e alma da Terra. Este silêncio não é vazio ou oco, você o sente nas mentes e nos corações de todos os seres iluminados, em todos os grandes mestres de Magia e sabedoria cósmica que já existiram em nosso planeta.

E agora, abrindo-se para este silêncio, você faz uma oferta e recebe, por sua vez, um presente. Qual tesouro da vida e espírito você pode oferecer como compromisso com este silêncio? O que você foi ou fez que permite que você se sinta em casa neste lugar? E como você irá absorver este silêncio e usá-lo para transformar sua vida?

Talvez você veja um ser aparecer para você e te fazer essas perguntas, talvez você ouça essas perguntas dentro de sua própria alma e coração. Talvez você retorne novamente em outro momento quando ou sempre que precisar renovar sua visão e o poder da sua busca. Talvez, você cumprimente um por um, os grandes mestres que andaram na Terra e cada um deles, lhe oferecerá um presente de acordo com o nível de seu compromisso e a natureza de suas visões.

O compromisso que Eralicarisions vislumbra para os Bardonistas é resumida nestas palavras, quais você pode falar em voz alto dentro do templo da sabedoria:

“Que o trabalho que eu realizo no treinamento para se tornar um Mago, sirva à mais alta luz da Providência Divina. Que a justiça divina, justa e harmônica brilhe através de tudo que faço. Que as palavras que eu falo, que o ar que eu respiro, que a luz em meus olhos e o amor em meu coração transforme o mundo ao meu redor. Que meu caminho seja ungido com a beleza Divina”.

“Que todos os que entram em minha vida enxerguem a paz divina refletida através de mim. Que a verdade do universo, o mistério da criação, a luz que sustenta e resplandece dentro de cada ser criado me use como seu servo. Que minha vontade seja tão aperfeiçoada que não exista distinção entre a satisfação de meus desejos e o trabalho da Providência Divina na Terra”.

CONSCIÊNCIA NEGATIVA

Outra interessante dificuldade para aqueles que se dedicam ao trabalho no plano interior, envolve o que chamo de consciência negativa. Parte da Magia envolve abrir seu coração e mente para sua intuição superior. Isto é, você se torna sensível ao Akasha. Você sente o que é saudável, curador, orientador, inspirador e sábio. Você sente qual é o melhor curso de ação e sua consciência lhe informa quais escolhas criam mais harmonia a longo prazo.

Há momentos, no entanto, em que uma pessoa pode achar que sua voz interior não está funcionando bem ou não é um bom guia, e produz maus resultados, como discórdia, sabota ideias e leva você a situações perigosas e comprometedoras. Isso faz com que você se aproveite dos outros e responda não com sabedoria, mas de formas que mais tarde você considera inadequadas.

Um lapso temporário na consciência pode resultar, por exemplo, na influência de uma poderosa forma-pensamento. Essa forma-pensamento pode pertencer a uma organização como uma religião ou um grupo ao qual você pertence ou pode até ser produzida por outra pessoa.

Em qualquer caso, a forma-pensamento bloqueia o acesso à sua intuição superior. Quando você olha para dentro, é a forma-pensamento que fala, e não a voz serena dentro do seu coração. Por esta razão, um Magista procura dominar o plano mental para que ele exclua as vibrações mentais além da fonte pura da qual ele procura.

No entanto, há outro tipo de pensamento ou desequilíbrio mais nocivo e contundente que ocorre para algumas pessoas. Se eles se envolveram em poderosas ações negativas em vidas passadas, especialmente mágicas, então sua consciência ou intuição elevadas podem estar, até certo ponto, danificadas.

Se eles buscam orientação interior, é a poderosa presença negativa do Akasha que fala com eles. De fato, é a autoridade mágica e os propósitos desenvolvidos em uma antiga encarnação que estão ativos. Este resultado foi produzido pelo seu próprio carma, algumas pessoas irão ceder a essa consciência e seguir suas sugestões negativas. Outros, no entanto, resistirão: essas pessoas desenvolveram suas próprias personalidades nesta vida e não desejam abraçar nenhuma força obscura, por mais forte que possa parecer a sua vida interior.

Nesse caso, as pessoas evitam completamente o trabalho no plano interior, em vez disso eles quase sempre trabalharão através de religiões, organizações ou sistemas bem desenvolvidos de filosofia e ética, para que o ambiente externo possa guiá-los e auxiliá-los ao contrário de confiar em uma luz interior.

Alguns indivíduos são tão poderosos quanto magos negros que só podem encarnar desde que se coloquem sob a autoridade de outros indivíduos. Na verdade, eles estão em liberdade condicional. Eles não têm permissão para agir livremente e escolher seu próprio curso de ações na vida. Eles devem ficar dentro de círculos de influência cuidadosamente definidos. Caso contrário, os termos de sua encarnação são suspensos e eles podem morrer de repente.

Quando conversamos sobre Magia, de vez em quando, podemos encontrar pessoas que não somente preferem, mas que estão obcecadas em trabalhar com organizações e ordens ocultas. Elas não conseguem praticar sem o apoio externo e exigem constante feedback dos outros em todos os momentos enquanto realizam trabalhos no plano interior. Quando eles agem além das regras estabelecidas por seu grupo ou organização ou religião, eles podem se tornar muito maliciosos.

Por outro lado, é realmente um grande empreendimento tentar explorar os planos interiores por conta própria. O plano astral e outros domínios estão cheios de vastos reinos que têm muito pouco a ver com a cultura e a civilização humana. Por essa razão, mesmo Magistas muito habilidosos frequentemente se conectam a vários aspectos do plano físico. Eles limitarão suas ações mágicas e usarão apenas uma pequena quantidade dos recursos espirituais e psíquicos que poderiam de fato atrair se assim o desejassem. As jornadas para os mundos interiores, mesmo que apenas para buscar orientação e iluminação, permanecem ameaçadoras.

Akasha, o reino da pura luz, não cessa com a aura do nosso planeta. O Akasha se estende até os confins do universo, é gratificante observar a vastidão do universo, tanto em seus aspectos físicos quanto espirituais. E é útil entender nossas próprias limitações, os limites que nos protegem do desconhecido e do perigo. Outra coisa é reprimir seu medo dessa vastidão, ligando-se cegamento a crenças e costumes arbitrários e com pouco significado real em sua vida.

Este tipo de medo ou negatividade aparece no plano mental. Uma pessoa pode se defender do vasto vazio que sente internamente, ligando-se a crenças, doutrinas, filosofias e pensamentos rígidos que servem como sinais e tabus. Esses sinais e tabus dizem: “não se aventure além do alcance da doutrina, crença e interpretações corretas. Além das linhas estabelecidas pelas doutrinas, há monstros que nenhum homem é capaz de combater”. Em outras palavras, você descobrirá um medo cego e irracional por trás de suas crenças. Suas limitações auto impostas o protegem do desconhecido.

O remédio para essa situação de apego mental e rigidez é, como na iniciação que sugeri, respeitar o poder do silêncio interior. Desenvolva uma mente que possa observar, ouvir, contemplar e sentir sem ter que usar os pensamentos como seu principal meio de ação. Uma mente verdadeiramente silenciosa está aberta o suficiente para se sentir à vontade, refletindo o universo dentro de si. É um lugar onde a luz é livre para aparecer ou desaparecer. Este é o reino através do qual flui um amor que não tem começo nem fim. Por essa razão, inspirada nessa fonte, a mente está além de todo o medo.

Autor: William Mistele
Tradução: Lucas Augusto

MISTELE, William. The Shadow in Psychology and Magick. 1998. Disponível em: <http://williammistele.com/shadow.html>. Acesso em 26/05/2018.
   

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